O sonho da casa própria costuma fazer parte da lista de desejos de milhões de brasileiros. Quando a economia do país está bem, isto se mostra favorável para o consumo de diversos produtos e serviços, incluindo imóveis. Assim como em diversas partes do Brasil, a construção civil na cidade de Campos dos Goytacazes voltou a registrar, nos últimos meses, uma movimentação de obras de edifícios e condomínios. Isto impulsiona, ainda, o mercado de materiais de construção. Para alguns especialistas, a retomada pode ser considerada tímida. Entretanto, isto pode mudar se taxas de juros que regem o mercado diminuírem, acreditam.
De acordo com o presidente da Federação das Indústrias do Rio de Janeiro no Norte Fluminense (Firjan NF), Francisco Roberto Siqueira, no ano passado, a construção civil foi o segundo setor que mais gerou empregos no Estado do Rio (+22.211) e no Norte Fluminense (+5.004). Ele também preside o Sindicato da Indústria da Construção Civil do Norte Fluminense (Sinduscon Norte). “É sabido que a construção aquecida gera repercussões positivas em diversos outros setores, como serviços, comércio e indústria. Isso contribuiu para que a região tivesse três cidades entre as nove que mais geraram empregos entre todos os 92 municípios fluminenses: Macaé, em terceiro (+8.950), Campos, em sexto (+4.050) e São João da Barra, em nono (+3.693), segundo levantamento da Federação. Tanto que o último Boletim Econômico da Firjan informa que, de acordo com dados de fevereiro do IBGE, a produção industrial fluminense cresceu 2% frente ao mês anterior, enquanto a média nacional teve variação de -0,3%”, destaca.
Para Siqueira, atualmente, a taxa de juros é o “calcanhar de Aquiles” para quem quer adquirir um imóvel. “É preciso que o Banco Central continue atuando na queda da taxa de juros da Selic (a última, em março, foi de 0,5 p.p., deixando a taxa atual em 10,75% ao ano). A Firjan acredita que a economia e, sobretudo, a indústria seguem sofrendo os efeitos da taxa ainda elevada. Os juros elevados restringem a capacidade produtiva e impactam a taxa de investimento do país”, comenta.
O combate aos juros altos é também defendido pelo empresário Gilberto Manhães, sócio- administrador da Conscam Construtora Campos, com 35 anos de atuação. Ele preside a Rede de Construtoras de Campos dos Goytacazes (Redecon). “Creio que com a taxa reduzindo um pouco mais até o final de 2024, isso, certamente, trará uma melhora no ambiente dos negócios imobiliários”. O empresário ainda acrescenta: “A gente observa que a nível Brasil algumas regiões têm tido um vigor a mais em termos de construções, como São Paulo, a região Centro-Oeste e o Espírito Santo. Já no Rio de Janeiro, a gente vê a capital com vários lançamentos. Em Campos, está começando a retomar um pouco mais. Há expectativa de algo mais sustentável. Os lançamentos imobiliários são muito importantes para o cliente, para a economia como um todo. A gente percebe esse movimento de retomada, lenta, gradual, mas de uma forma consistente. Desde 2015 tem sido bastante desafiador para a Construção Civil, mas do ano passado para cá, após a pandemia, tem havido a retomada, com lançamentos de construção de casas e apartamentos em condomínios, nos locais mais centrais e em outros bairros da cidade”, considera.
Ainda de acordo com o presidente da Firjan NF, Campos deve atentar para a tendência de grandes cidades do Brasil e do mundo, que é valorizar ainda mais os centros históricos antes degradados: “Há um movimento na construção de reocupação dos centros urbanos, como forma de revitalizar essas áreas. Diante do problema crônico de mobilidade em cidades de médio e grande porte, morar próximo ao trabalho tornou-se um enorme atrativo no mercado imobiliário. Este movimento de reocupação residencial dos centros urbanos começou há cerca de duas décadas em São Paulo e no Rio de Janeiro, como foi o caso do condomínio Cores da Lapa, e mais recentemente, no Porto Maravilha. E Campos, também, tenta seguir esta importante tendência com o Retrofit, algo fundamental para recuperar comércios tradicionais do nosso centro histórico-turístico”, conclui.
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