Fotos: Silvana Rust
Na manhã desta quarta-feira (4), um grupo de caminhoneiros autônomos de Campos dos Goytacazes e São João da Barra iniciaram uma manifestação, buzinando ao longo de ruas e avenidas da cidade, até o destino, na sede da Prefeitura. Os manifestantes culpam o Departamento Estadual de Rodagem (DER) e o Instituto Municipal de Trânsito e Transporte (IMTT), cujas medidas resultaram no impedimento do trânsito de veículos de carga com quatro eixos no perímetro urbano, prejudicando o trabalho e a rotina dos caminhoneiros que moram em Campos e em SJB.
A situação é resultado das obras na RJ-238 (Estrada dos Ceramistas), que são conduzidas pelo DER-RJ e acontecem desde o final de 2022, com uma pontual liberação da via entre março e novembro de 2023. A previsão de conclusão da reforma era de março de 2024, mas os trabalhos foram suspensos em março do mesmo ano e só retornaram em agosto.
Com a estrada fechada novamente, foi feito um acordo entre a Prefeitura e o DER, com prazos e medidas para aliviar o trânsito de carretas pesadas, mas, segundo o prefeito Wladimir, o órgão estadual não cumpriu o acordado, além de não utilizar o sistema de “pare e siga” na via. Desde segunda-feira (2), carretas e caminhões pesados não podem mais circular pela área urbana de Campos, como forma de pressão ao DER sobre a administração das obras na RJ-238.
Caminhoneiros se reuníram em frente a Prefeitura de Campos
Direito de ir e vir
Para Wagner Viana, representante dos caminhoneiros autônomos, “o nosso objetivo com essa manifestação é só um: conseguir o livre acesso dentro da cidade, porque nós somos moradores”. De acordo com ele, a interdição da Avenida Arthur Bernardes acabou redirecionando todas as carretas para Avenida José Alves de Azevedo (Beira Valão), uma via de tráfego misto e ponte, com uma estrutura que não comporta o peso dos caminhões de carga.
“Nós não somos culpados pela deterioração da Beira-Valão. Ela já estava ruim, e pode até ter piorado devido ao tráfego nela, só que a pista que foi projetada para suportar peso das carretas era a Arthur Bernardes, então a culpa não é nossa. Ela [Avenida Arthur Bernardes] foi feita em 2014 para desviar o trânsito de dentro da cidade”, afirma Wagner.
O caminhoneiro ressalta que trata-se um movimento autônomo, sem a participação de qualquer empresa externa ao município. “Tem alguns cartazes dizendo ‘autônomos’, e é o que nós somos, e não estamos reivindicando nada referente ao Porto do Açu ou a outras empresas, nós só queremos nosso direito, de moradores de Campos, de ir e vir”, diz.
Prejuízos diários
Para Viana, o bloqueio imposto pela Prefeitura causa um prejuízo “incalculável”, não só para os caminhoneiros, mas para a cidade. “Com material de pedreiro, areia, entregas, tudo passa por dentro da cidade. Infelizmente, se há alguma disputa entre o prefeito, o DER ou qualquer outro órgão, não podem atrapalhar nós, que somos autônomos e moradores”, ressalta.
“Estamos pagando por algo que não cometemos”
O caminhoneiro Denis Jefferson Machado, de Campos, vê o bloqueio como uma resposta a um problema que não foi criado pela classe.
Denis Jefferson Machado
“Infelizmente, estamos sendo bloqueados de trabalhar na própria cidade em que a gente mora desde segunda-feira. Todos aqui são pais de família que precisam trabalhar, mas estamos impedidos de transitar e levando a culpa por algo que nós não fizemos. O acesso para manutenção de caminhões, para entrega de materiais de construção, está totalmente atrapalhado”, relata.
O prefeito Wladimir Garotinho, em publicação nas redes sociais, comentou sobre o protesto de caminhoneiros, e pontuou que pelo DER-RJ não abrir a Estrada dos Ceramistas, a via alternativa seria a Avenida José Alves de Azevedo (Beira Valão), mas a via não suporta o tráfego de cargas pesadas e está se deteriorando. O IMTT, através de nota também levanta questionamentos sobre a obra na RJ-238, e destaca que o DER pode administrar um sistema de “pare e siga”, liberando meia pista para o tráfego, modelo que é replicado em todo o território nacional.
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