“Espiritualista alegava incorporação de entidade para coagir vítimas de várias formas. Até usar cocaína”, afirma delegada

Foto: Delegada Juliana Oliveira. Foto: Cíntia Barreto

A delegada titular da Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher (Deam), Juliana Oliveira, deu uma coletiva de imprensa na tarde desta terça-feira (11) para fornecer detalhes sobre a prisão de um espiritualista que se dizia pai de santo em Campos, acusado de usar a religião para abusar sexualmente de mulheres que acreditavam que poderiam ser curadas por ele. A filha dele está entre as vítimas. O inquérito tramita na justiça desde setembro de 2022. O homem dopava as vítimas com diversas drogas em algumas ocasiões, como cocaína e chás alucinógenos, durante rituais religiosos para cometer os abusos. Segundo a delegada, o homem afirmava que os pedidos feitos aos fiéis eram em nome das entidades que trabalhavam com ele.

“A primeira vítima procurou à delegacia em 2022 relatando que os crimes aconteciam desde 2013. Todas as vítimas apresentaram depoimentos muito coerentes, mesmo que não tenham sido vítimas exatamente dos mesmos crimes; os relatos são coesos. No início, elas procuravam essa pessoa, que se dizia um líder religioso. Ele começou cedo na religião Kardecista e depois abriu sua própria casa, que chamava de casa espiritualista, onde adotava diversas práticas religiosas, incluindo o Kardecismo, a Umbanda, e posteriormente estendeu para o Candomblé, o Santo Daime e outras religiões. Ele afirmava que incorporava um pouco de cada uma”, explicou.

A delegada ainda acrescentou: “No primeiro momento, as vítimas acreditavam estar passando por um processo de cura e proteção espiritual. Elas confiavam no líder religioso e nas práticas que seguiam, acreditando que isso traria cura e libertação, não só para elas, mas também para os familiares. Se elas não seguissem as instruções do líder, que alegava estar incorporado por uma entidade, temiam sofrer consequências, tanto elas quanto suas famílias.”

Vítimas chegaram a usar cocaína em rituais

De acordo com a delegada, algumas vítimas relataram que o investigado chegou a ser internado em uma clínica de recuperação porque tinha vício em cocaína. “Além disso, algumas vítimas afirmaram que tinham que comprar cocaína para ele e ele chegou a mandar que elas usassem também, a pretexto de estar incorporado com alguma entidade. Ele nunca admitia que tal ato fosse decisão dele. Ele dizia que tinha incorporado alguma entidade e que era a entidade que estava mandando fazer aquilo por alguma cura ou libertação”, acrescentou Juliana.

Abuso psicológico e estelionato

Além de praticar esses atos com as vítimas, o suspeito também pegava dinheiro de algumas delas sob o pretexto de aumentar a religiosidade, segundo a delegada Juliana Oliveira.

“Ele exigia quantias relativamente altas para fazer trabalhos, alegando que precisava jogar búzios e que esses rituais exigiam valores elevados. Uma vítima chegou a pegar empréstimo consignado para pagar uma passagem para São Paulo, sob o pretexto de ajudá-lo em sua espiritualidade. Outra situação é que as filhas de santo trabalhavam dentro da casa, realizando os afazeres da casa de santo, preparando comidas para os rituais, para a família dele, para a esposa, para a filha, e para ele, tudo sem remuneração. Elas trabalhavam praticamente 24 horas por dia à disposição dele e não tinham sequer a possibilidade de sair. Embora ele não as mantivesse fisicamente presas, usava terror psicológico, dizendo que, se algo acontecesse com elas, ele não poderia ajudar porque elas se colocaram em risco”, detalhou.

Advogada criminalista Mariana Ribeiro

“O abuso sexual era vendido, literalmente vendido, porque elas pagavam por um ritual que ele vendia.”

A advogada criminalista Mariana Ribeiro acompanha o caso desde o primeiro registro de ocorrência, em setembro de 2022. Ela representa cinco mulheres vítimas do espiritualista.

“Ele tinha grande domínio sobre as vítimas, tanto que elas sequer questionavam os rituais, a forma como ele lidava com elas, a agressividade, os rituais que envolviam determinados abusos. Elas não questionavam absolutamente nada, porque tudo era inserido no contexto religioso. É muito importante ressaltar que todos os crimes foram praticados em um contexto religioso. O abuso sexual era vendido, literalmente vendido, porque elas pagavam por um ritual que ele oferecia, supostamente para curá-las”, destacou a advogada.

Para Mariana, o sentimento hoje, com a prisão do abusador, é de justiça. “Tivemos algumas derrotas ao longo do processo: alegações de insanidade, suspensão do processo para averiguar a sanidade dele através de perícia médica. Mas hoje temos o primeiro passo para fazer justiça por essas mulheres e por tantas outras que sofrem abusos semelhantes no contexto religioso. Pessoas se valem da fé da vítima para tirar proveito econômico e satisfazer seu prazer pessoal. É fundamental que isso não aconteça novamente, nem aqui nem em nenhum outro lugar”, finalizou Mariana Ribeiro.

Prisão

O homem foi preso, na manhã desta terça-feira (11) em casa, local onde também funcionava o terreiro em que atuava como pai de santo, no bairro Custodópolis, em Guarus.

Ele será encaminhado para o sistema prisional e ficará à disposição da Justiça. A polícia espera que novas vítimas surjam a partir da prisão do suspeito.

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