O ano de 2023 pôs fim a um símbolo da cultura de Campos dos Goytacazes: o fechamento da livraria Ao Livro Verde, a mais antiga do Brasil, após 179 anos de atividades. Campanhas promovidas por intelectuais e instituições não foram suficientes para manter o patrimônio aberto. A empresa familiar contava com uma dívida de quase R$2 milhões. Mesmo após o fechamento, no dia 13 de novembro do ano passado, prossegue a campanha para manter a história e a memória da livraria. Em março, a Câmara de Dirigentes Lojistas reuniu integrantes da Associação de Amigos de Ao Livro Verde. Eles tentam implementar 19 propostas e soluções para a preservação do prédio que poderia se tornar um centro cultural, mas isto dependeria de aprovação do poder público municipal.
A campanha SOS Ao Livro Verde mobilizou forças políticas e sociais e teve uma Comissão Mista da Câmara Municipal de Campos dos Goytacazes presidida pelo ex-vereador Rogério Matoso e com o relator, o jornalista Adelfran Lacerda. Um relatório foi produzido com mais de 200 páginas e mais de duas mil assinaturas de pessoas que defendem a preservação do edifício de Ao Livro Verde, inaugurado em 13 de junho de 1844. Os membros da Associação de Amigos da livraria se dedicam a uma nova fase da campanha de preservação e comemoração dos 180 anos de criação da livraria.
“A preservação e a perenização da livraria Ao Livro Verde têm apoio de 2.100 signatários, e mais de 60 instituições de níveis local, regional, estadual e nacional, como a Academia Brasileira de Letras, a Associação Brasileira de Imprensa e a Associação Nacional de Livrarias. Essa enorme adesão já é uma vitória para a cultura e patrimônio histórico campista que têm a livraria mais antiga do Brasil. O relatório final da Comissão Mista instituída e aprovada pela Câmara de Vereadores, composta por representantes do Legislativo, Executivo e sociedade civil, propõe 19 ações e alternativas legais e possíveis, que passam pela criação da Casa de Cultura Ao Livro Verde, entre outras atividades. Para esse objetivo, foi iniciada a segunda fase da campanha em março, com a criação da Associação de Amigos Ao Livro Verde (AALVE), uma instituição privada, mas de interesse público”, explica Adelfran Lacerda.
Propostas
Fazem parte das propostas da associação, a desapropriação do imóvel da Livraria ao Livro Verde; criação da Casa de Cultura Livraria ao Livro Verde; tombamento imaterial e material pelo Instituto Estadual do Patrimônio Cultural (Inepac); readequação arquitetônica interna, de mobiliário e equipamentos da livraria; elaboração de projeto executivo da Lei Rouanet de incentivo à cultura; aprovação de projeto de lei pelo Congresso Nacional reconhecendo a livraria como patrimônio histórico e cultural do Brasil; instituição do ano oficial de Ao Livro Verde em 2024, que estará comemorando 180 anos; instituição do tema central “Livraria Ao Livro Verde” na Bienal do Livro de Campos em 2024, entre outras sugestões.
O jornalista e escritor Vitor Menezes faz parte da AALVE. “Espero que com as comemorações venham anúncios concretos pela reativação da livraria e manutenção desse marco de a mais antiga em funcionamento, para que a gente não perca esse título e nem o equipamento cultural. Tenho achado a prefeitura muito tímida com relação à responsabilidade que ela deve ter desde o início, desde os primeiros movimentos pela manutenção da livraria. A responsabilidade de gestão e manutenção financeira tem que ser assumida pela prefeitura em nome da cidade, em defesa de um patrimônio importante”, diz.
O relator da comissão, Adelfran Lacerda, aguarda audiência com o prefeito Wladimir Garotinho. “Ele já sancionou em outubro de 2023 o Projeto de Lei proposto pelo presidente da Câmara, Marcos Bacellar, aprovado por unanimidade, reconhecendo Ao Livro Verde como patrimônio histórico e cultural de Campos dos Goytacazes”, cita. A reportagem procurou pela prefeitura municipal para comentar sobre as propostas, mas não obteve retorno.
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