Cana|Associação já fala em quebra da próxima safra na região (Fotos: Silvana Rust)
Em julho de 2024, o Monitor de Secas do Brasil, vinculado à Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico, destacou que o fenômeno da seca apresentou piora nos indicadores na Região Sudeste, com a evolução de seca de moderada para grave. No Norte do Rio de Janeiro, a evolução foi de fraca para moderada. Segundo a Associação Fluminense dos Plantadores de Cana (Asflucan), cerca de 240 mil produtores rurais estão enfrentando dificuldades no Norte Fluminense por causa da estiagem prolongada e, como socorro, a entidade espera que o Senado vote o Projeto de Lei que reclassifica o clima regional como semiárido. A Associação já fala até em quebra da próxima safra da cana.
De acordo com o Monitor de Secas, as chuvas abaixo da média e uma piora nos indicadores levaram a Região Norte Fluminense ao status de seca moderada. Os impactos são classificados pelo órgão como de curto prazo, podendo atingir a agricultura e pastagem. O presidente da Asflucan, Tito Inojosa destaca a situação delicada de quem cultiva cana-de-açúcar na região.
“Tem 240 mil produtores passando sufoco no Norte do Estado do Rio de Janeiro. Tivemos chuvas em março e depois mais nada de relevante. O plantio de cana de março morreu, as socas de cana tiradas em maio, junho e julho estão quase todas mortas. Vamos ter uma quebra de safra neste ano e não sabemos o que vai nascer no ano que vem. Podemos dizer que 80% da nossa produção é composta por pequenos produtores, com menos de 15 hectares. Eles não têm recurso para irrigação. Dependem de limpeza de canais e do Rio Paraíba. Mas o Rio está muito baixo e fica difícil fazer adução. Por todo esse cenário, precisamos de socorro”, comenta Inojosa.
Presidente do Sindicato Rural de Campos, Ronaldo Bartolomeu demonstrou preocupação, e expôs prejuízos atuais e mais danos previstos para um futuro próximo:
“Essa seca é bastante prejudicial a todas as atividades agropecuárias em nosso município e toda a região. Ela já impõe prejuízos neste momento de colheita, bem como compromete a planta visando à próxima safra. A falta do pasto compromete a produção de leite, a engorda e a fertilidade dos animais. Isso faz com que todo o planejamento dos pecuaristas torne-se impossível de ser cumprido”, enfatiza.
Bartolomeu pontua, ainda, que trata-se de uma questão antiga e que afeta grande parte dos produtores rurais de Campos:
“É um problema muito sério, que sempre afetou nosso município. Alguns produtores mais precavidos se utilizam de tecnologias para se garantirem ou minimizarem os prejuízos. São métodos como a irrigação, o plantio de capineiras, a confecção de silagem e o plantio de cana para animais. A agricultura precisa da irrigação ou da chuva. E sabemos que a maioria dos produtores em nosso município não tem recursos para adquirir um equipamento de irrigação, ou mesmo produzir algum alimento para reservar para o período de seca. Cenário que compromete toda a economia do município”, complementa.
PL do semiárido
Presidente da Asflucan e vice-presidente da Federação dos Plantadores de Cana do Brasil, Tito Inojosa fez um pedido de socorro ao Senado Federal. Isso porque segue sem data para votação do Projeto de Lei (PL) que busca caracterizar como semiárido o Norte e o Noroeste Fluminense.
A iniciativa tem o intuito de estender a área de abrangência do Benefício Garantia-Safra e criar o Fundo de Desenvolvimento Econômico Federal para a região. O PL 1440/2019 proposto em 2019, pelo então deputado Wladimir Garotinho, hoje prefeito de Campos, já foi aprovado pela Câmara Federal e nas comissões de Assuntos Econômicos e de Agricultura do próprio Senado.
“Estamos pedindo socorro ao Senado, onde está travado o nosso projeto do semiárido. Estamos passando por uma seca terrível aqui. O que acontece praticamente todos os anos”, comentou Inojosa.
O pedido por celeridade na aprovação do PL do semiárido no Senado Federal foi endossado pelo Sindicato Rural de Campos:
“Estamos aguardando o encaminhamento que foi feito mudando a classificação do nosso clima para semiárido, para que melhore as alíquotas de impostos e assim facilite a compra de equipamentos e insumos, melhorando a produtividade de todos nossos produtores Rurais”, declarou Ronaldo Bartolomeu.
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