O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes esteve nesta segunda-feira (3) no Rio de Janeiro, onde se reuniu com o governador Cláudio Castro (PL) no Centro Integrado de Comando e Controle (CICC), na Cidade Nova. O encontro teve como pauta principal a Operação Contenção, realizada na semana passada nos complexos da Penha e do Alemão, considerada a mais letal da história do estado, com 121 mortos — entre eles, quatro policiais.
Durante a reunião, Castro apresentou ao ministro relatórios e dados sobre o planejamento e a execução da operação, que teve como objetivo conter o avanço da facção Comando Vermelho e retomar áreas dominadas pelo tráfico. Moraes, relator temporário da Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF) 635, conhecida como “ADPF das Favelas”, busca informações detalhadas sobre o cumprimento das normas que determinam a redução da letalidade policial e o uso proporcional da força. O governo estadual informou que enviará ao STF um relatório completo sobre o cumprimento dessas diretrizes.
Após a reunião, o ministro visitou a Sala de Inteligência e Controle do CICC, onde funciona o sistema de reconhecimento facial e as câmeras corporais usadas pela Polícia Militar. O centro é responsável pelo monitoramento em tempo real das ações de segurança em todo o estado, reunindo representantes das polícias Civil e Militar, Corpo de Bombeiros, Defesa Civil, Detran e órgãos municipais e federais.
Moraes não concedeu entrevista à imprensa, mas Castro afirmou que a visita foi importante para esclarecer o funcionamento da política de segurança pública do estado. “Demos ao ministro total possibilidade de tirar todas as dúvidas sobre nossa política de segurança e sobre os desafios enfrentados no combate ao crime. Também falamos sobre o projeto de retomada de territórios, que está sendo organizado pelo Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP)”, destacou o governador.
Operação Contenção
A operação, que mobilizou cerca de 2,5 mil agentes das polícias Civil e Militar, resultou em 113 prisões — 33 delas de suspeitos de outros estados — e na apreensão de 118 armas e uma tonelada de drogas. A ação cumpriu 180 mandados de busca e apreensão e 100 de prisão, incluindo 30 expedidos pela Justiça do Pará.
O governo estadual classificou a operação como um sucesso, afirmando que todos os mortos reagiram à abordagem policial, enquanto os que se renderam foram presos. Entretanto, familiares de vítimas, moradores das comunidades e organizações de direitos humanos denunciam o episódio como uma “chacina”, apontando abusos e uso desproporcional da força.
Os intensos confrontos provocaram pânico na população e paralisaram boa parte da cidade, com interrupção de vias, fechamento de escolas, comércios e postos de saúde nas regiões afetadas.
Com informações da Agência Brasil
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