Quarenta anos da maior e mais divertida farsa da história do rock’n’roll

Quando uma banda de rock exagera na performance e na preparação de seus shows, a ponto de fazer papel ridículo, muitos classificam o ato da seguinte forma: “Isto é Spinal Tap“. A expressão se refere ao documentário homônimo lançado há quarenta anos, no qual a trajetória de uma banda fictícia de heavy metal britânica é retratada. Esse filme hilário satiriza os grandes excessos do cenário musical dos anos 70 e 80, os ataques de estrelismo dos músicos e as superproduções típicas dessas épocas. Confira o trailer oficial da época:

Numa das cenas famosas do documentário, o Spinal Tap se perde no backstage sem conseguir encontrar o palco do show. Em outro momento, um dos integrantes reclama dos pães servidos no camarim, dizendo que eram pequenos demais e se quebravam, uma sátira às exigências extravagantes dos músicos. Há também no filme toques de humor negro, como a sucessão de bateristas que morrem durante a carreira do grupo por motivos bizarros, como o músico fulminado por uma combustão espontânea. Nesses e em outros casos, a ficção não ficou tão distante assim da realidade. Um dos motivos para o sucesso do fime This is Spinal Tap foi justamente ter um roteiro baseado em fatos que realmente aconteceram.

Exemplo disso é o instante em que o Spinal Tap sai de dentro de casulos no começo de um show, com exceção do baixista, que fica preso ali dentro. Houve um precedente famoso, envolvendo o Yes, o supergrupo de rock progressivo. Banda conhecida pelas canções pretenciosas de longa duração, autênticas viagens para a exibição das habilidades instrumentais de seus integrantes, ela encontrava-se no auge no início dos anos 70, mas começou a se perder em sua própria grandiosidade.

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Durante uma apresentação de um de seus álbuns mais complexos, o álbum duplo Tales From Topographic Oceans, Rick Wakeman aproveitou-se de uma parte do espetáculo na qual ele não tinha função alguma em meio a uma interminável sessão de percussão — e, sem deixar o palco, ocupou as mãos jantando um prato indiano fornecido ali mesmo por um roadie que ficava a postos debaixo da estação de teclados do músico. Houve ainda um show que quase terminou em desastre, por causa do kit do baterista Alan White. Ele ficava dentro de uma concha gigante, que deveria abrir instantes depois do início do espetáculo, com ele tocando. Certa vez, no entanto, o mecanismo enguiçou e White teve que ser socorrido às pressas diante dos olhares atônitos do público, pois estava ficando sem ar.

O documentário sobre a banda fake fez tanto sucesso que o Spinal Tap começou a existir de verdade. Além de lançar discos, fez turnês por Estados Unidos e Europa. Em 2009, o grupo voltou a se reunir em concertos na Inglaterra. Ao longo das décadas, virou também um filme cult e durante muito tempo se especulou sobre uma continuação do longa. A sequência finalmente começou a sair do papel neste ano pelas mãos do diretor Rob Reiner, o mesmo do filme original, com previsão de lançamento em agosto de 2025.

 

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