O Sindipetro-NF realizou no início da manhã desta sexta-feira (11), na portaria principal da base de Cabiúnas, em Macaé, um ato público em protesto pela morte, na unidade, da engenheira Rafaela Martins de Araujo, 27 anos, em razão de acidente de trabalho na última segunda-feira (7). O protesto fez parte de um conjunto de atos em todas as regiões onde a Petrobras atua, convocados pela FUP (Federação Única dos Petroleiros).
“Estamos aqui em Cabiúnas realizando um ato nacional em razão dos óbitos, um ato de luto e de solidariedade com os familiares e amigos das vítimas que perderam as suas vidas recentemente no sistema Petrobras. Um ato também em função do acidente que a gente teve aqui, com a companheira Rafaela, uma jovem de 27 anos, que infelizmente por conta de algumas condições de trabalho perdeu a sua vida”, disse o coordenador-geral do Sindipetro-NF, Sérgio Borges.
O sindicalista destacou ainda que “esse tipo de atividade é para conscientizar os trabalhadores e os gestores da Petrobras da importância de a gente se preocupar com as questões de saúde e segurança dos trabalhadores. Nós queremos que os trabalhadores entrem nos seus locais de trabalho, cumpram as suas atividades laborais e voltem para as suas famílias com vida e com segurança”.
Recentemente, somente no Norte Fluminense, além de Rafaela, que era contratada pela empresa MJ2 Construções — que presta serviço à Petrobrás na execução de uma obra no terminal de Cabiúnas —, a categoria petroleira perdeu no último sábado (5), o técnico Edson Almeida, que morreu a bordo do FPSO Cidade de Niterói, operado pela Modec na Bacia de Campos, por “causas naturais”.
O Departamento de Saúde do Sindipetro-NF realiza levantamento sobre casos semelhantes — de “causas naturais” ou “mal súbito” — e aponta para a necessidade de considerar aspectos relacionados ao trabalho nesta situações — como, por exemplo, o trabalho extenuante.
Durante o ato de hoje, o coordenador do Departamento, Alexandre Vieira, reforçou a necessidade de realização de protestos: “é importante fazer a reflexão, as pessoas ficam mais atentas. E é importante fazer a participação presencial, para mostrar que o trabalhador pode sim lutar pelos seus direitos. O problema que causou o acidente (de Rafaela) estava na ata de Cipa, não foi por falta de aviso. A Cipa alertou à gestão que máquinas e pessoas não podiam trafegar no mesmo lugar.
O Sindipetro-NF participa da Comissão que apura as circunstâncias da morte da engenheira Rafaela, representado pelo diretor Matheus Nogueira. A falta de separação entre área de obras e local para trânsito de pedestres foi notada pelos diretores sindicais logo que chegaram ao local do acidente, e depois tomaram conhecimento de que este problema havia sido alertado pela Cipa em relação a outras obras na unidade.
Também durante o ato em defesa da vida, a diretora do Sindipetro-NF, Bárbara Bezerra, registrou que a entidade estava na base para “exigir que tenhamos um bom dia de trabalho e possamos voltar para os nossos lares com integridade física. Queremos respostas e fazemos as exigências, precisamos continuar unidos e organizados, não podemos aceitar que o nosso trabalho seja feito sem segurança, temos que ter direito de recusa”.
A sindicalista destacou ainda que nos últimos dias ocorreram três mortes em bases da Petrobrás. Além das perdas de Edson (sábado) e de Rafaela (segunda), a categoria petroleira perdeu na última terça-feira o projetista Petherson Katika, de apenas 25 anos, da empresa Jomaga, que presta serviços para a Repar, no Paraná.
O diretor do Sindipetro-NF, Guilherme Cordeiro, fez um discurso duro em relação à falta de responsabilidade dos gestores da Petrobrás sobre a área de segurança. “Cadê os responsáveis pela obra, que expõem os trabalhadores a risco? Queria saber se fosse o filho deles, a filha deles, se eles iriam expor a pessoa àquele risco. É muito fácil você mandar e oprimir os outros quando você está numa posição de poder”, protestou.
Fonte: Ascom
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